Consideramos indesejável a presença da dor em qualquer momento da vida. Ficamos indiferentes, ou gritamos contra ela tentando eliminá-la ou, mesmo ainda, submetendo-se a vários medicamentos e tratamentos, com o fim específico de livrarmo-nos das dores.
Estranha afirmação, mas cheia de sabedoria, que tantas vezes ouvimos e falamos a outros. Quando não se procura a Deus livremente pelo amor, qual seja, em momentos de boa saúde, disposição e boa vontade, forçosamente acaba-se sendo movido por uma grande necessidade, seja de saúde, de dificuldades, ou instransponíveis problemas, financeiras, sociais, jurídicos ou familiares.
O ser humano desfruta de soberana liberdade, sendo-lhe permitido elaborar os mais diversificados pensamentos, atitudes, comportamentos e palavras. Precioso saber direcionar todos ao caminho do bem, dos proveitos e benefícios próprios dos semelhantes. Sabemos que todas as fase e momentos da nossa vivência permanecem arquivados na memória da alma, de forma inapagável. Naturalmente, aguardam oportunidade para a devida concretização.
O Mestre Jesus nos ensinou que “nada fica oculto ou guardado para sempre”, porquanto, tudo se manifesta ou passa a ser revelado. Assim, grande parte de situações que, aparentemente, vivenciamos de acordo com a própria vontade, contudo, parecem concretizações das forças ocultas, ou manifestação concreta do conteúdo arquivado de informações anteriores e passadas.
No Evangelho do Senhor Jesus consta que as dores são bênçãos dos Céus, porque se revelam bastante proveitosas para a a evolução e aprimoramento de almas, visando-as à conscientização da importância do pensamentos e atitudes corretas no caminho do bem. Em função das indesejáveis e salutares dores, muitas almas acabam por se tornar mais dóceis, humildes e tementes a Deus. Mesmo os mais fortes e valentões acabam por sucumbir às energias provenientes das dores, porquanto acabam por se submeter às adequadas forças silenciosas que a dores costumam oferecer às almas rebeldes, grosseiras, rudes e indiferentes ao amor e atitudes prestativas de outros.
Observamos, com certa frequência, em hospitais e centros de socorros, estendidos em leitos e até bem atendidos, homens orgulhosos que, indiferentes às aditividades que ocupam, gritando palavras ásperas e grosseiras às atendentes e trabalhadoras locais, que se desdobram em gentilezas e atenção aos doentes. Para esses homens e mulheres, as dores ainda não foram suficientes para eliminar-lhes parte dos conteúdos malévolos que carregam em suas almas. Certamente, encontrarão em alguma parte de suas vidas, oportunidades de novamente se submeterem aos tratamentos silenciosos oferecidos pelas dores.
As dores provocam oportunidades de purificação e iluminação dos conteúdos da alma, porquanto, se manifestam adequadamente, demonstrando resultados conforme as necessidades de cada um. Num aparente e inofensivo ato de ciúme, a dor provocada pela indiferença ou grosseria do marido, ou até mesmo demonstração de uma infidelidade, costuma ser profunda, desesperadora e inenarrável. Ainda assim, em função dos carmas e erros do passado estarem sendo iluminados e purificados, de certa forma, as dores são importantes, pois servem como base de reflexão, sobretudo acerca das palavras, ações e atitudes envolvidos no contexto da avaliação. Podemos afirmar que as dores são necessidades evolutivas, para possibilitar às almas renovação em suas qualidades e virtudes.
Todo homem, em alguma fase de sua vida, necessita da dor, para refrear os ímpetos do egoísmo, dos desenfreados desejos em busca do prazer, que o levariam à ruína. Por vezes sendo acometidos pela doença contagiosa, de difícil cura, dores crônicas sustentadas à base de medicamentos contínuos, para que assim, a alma possa limitar os ímpetos, e permitir que a luz do amor venha a lhe iluminar parte do conteúdo interior, liberando a alma ao caminho da evolução.
Excessiva importância aos bens materiais, sobretudo ao dinheiro aparentemente inesgotável, posições sociais de destaque, distanciados de Deus, das coisas espirituais, podem levar o homem pela dificuldade da dor, dor do nervo ciático, dor de cálculos renais, dores reumáticas quase impedindo-o a locomoção, dores de colunas, e intermináveis cestos de dores. São situações que limitam movimentos, atitudes, sentimentos e conduzem a profundas e obrigatórias reflexões. Acabam por refletir na transitoriedade da vida, na existência de alguma outra força oculta dirigindo todas as coisas, acabam reconhecendo vibrações desconhecidas, como as do amor e luz de Deus nas pessoas. Embora com todo o dinheiro disponível, não pode safar-se do silencioso educador de almas denominado dor.
Uma única existência na Terra é insuficiente para aprendermos as imprescindíveis lições que a vida nos oferece. Requeremos e somos abençoados com o princípio da pluralidade das existências, na oportunidade de retorno em diversificados corpos, uns diferentes dos outros, como ainda, em diferentes regiões e posições sociais e familiares.
Alternando-se numa situação de pobreza, em contínua miséria de todas as necessidades, uma alma egoísta, perdulária, ociosa e inoperante, pode ser reconduzida numa roupagem extremamente cheia de carência, com sofrimentos e dores previstas para toda uma existência. E reconhecendo-se na necessidade de tornar-se melhor entendido na aplicação das próprias qualidades, empenhando-se no trabalho produtivo para sustentar-se, as dores tomam o lugar de silenciosos mestres educando as almas ao caminho do bem.
Podemos afirmar que a dor proveniente da própria bondade da mãe Natureza, faz com que todas as almas sejam encaminhadas forçosamente à adequada evolução e aprimoramento constante.
Em todas as situações da vida, os ensinamentos do Senhor Jesus fundamentam sólidos conhecimentos do amor e bondade de Deus para todos os momentos da existência. Somos agraciados com infindáveis bênçãos de Deus, nas infinitas possibilidades de evolução propiciadas pela Misericórdia, para que livremente possamos realizar as escolhas mais adequadas, de acordo com as melhores disposições para a vida futura. Não precisamos da dor nos impelindo ao caminho do bem e da bondade de Deus. Basta que saibamos que a bondade e amor devotados ao bem de todos constituem possibilidades de maiores virtudes e méritos acumulados na alma. Nas alegres circunstâncias na vida, vamos criando consideráveis forças na produção das coisas boas, levando-se sempre em conta a divulgação e prática dos ensinamentos do Senhor Jesus para todas as pessoas.